A Importância dos Óleos e Gorduras de Origem Animal em Formulações de Ração Pet

Nada de restos de comida!

Os consumidores modernos buscam alimentos diferenciados para seus pets, com boa palatabilidade, presença de nutrientes essenciais, ingredientes de qualidade e matéria-prima fresca.

Essa tendência reflete-se em um crescimento considerável nas vendas de pet food. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior mercado mundial de produtos e serviços para animais de estimação.

Com um potencial tão grande a ser explorado, os formuladores e P&D’s do segmento precisam se atentar ao desenvolvimento de produtos que vão de encontro às expectativas dos donos dos pets.

Este tipo de formulação precisa englobar nutrientes que são essenciais à saúde dos animais, para um desenvolvimento saudável do organismo e das funções cognitivas dos mesmos.

Dentre os nutrientes que não podem ficar de fora em uma ração pet, encontram-se os óleos e as gorduras.

A importância dos óleos e gorduras está relacionada à sua composição de ácidos graxos. Estes fazem parte das membranas celulares e constituem hormônios, além de desempenharem papéis fundamentais para diversas funções vitais.

Devido ao tipo de ácido graxo constituinte, os óleos e gorduras de origem animal são altamente adequados para compor as rações pet.

Neste post, discutiremos a importância destes componentes para a saúde dos pets, analisaremos o porquê os óleos e gorduras de origem animal devem fazer parte das formulações e traremos soluções para o desenvolvimento de uma pet food de sucesso!

O papel dos óleos e gorduras nos alimentos pet

Os óleos e as gorduras são majoritariamente compostos por triglicerídeos. Estas substâncias são constituídas por uma molécula de glicerol ligada a três ácidos graxos.

Os ácidos graxos são os componentes mais importantes em óleos e gorduras, uma vez que ditarão as características dos mesmos e terão influência direta da saúde.

As propriedades físicas que definem um óleo ou uma gordura também são ditados pelo tipo de ácido graxo constituinte.

Isto porque a presença de duplas ligações nas cadeias dos ácidos graxos faz com que os mesmos sejam líquidos à temperatura ambiente. Portanto, os óleos são majoritariamente compostos por  ácidos graxos insaturados.

Já as gorduras são principalmente constituídas por ácidos graxos saturados, o que lhes confere uma maior estabilidade, resistência à oxidação e propriedades estruturantes.

Um balanço entre ácidos graxos saturados e insaturados é essencial para a dieta dos animais.

Estes componentes, além de serem uma fonte de energia, também são carregadores de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), fazem parte da estrutura das membranas celulares, contribuem para a formação de hormônios e ajudam a manter o pelo e a pele dos animais saudáveis e com brilho.

Além disso;

A presença de óleos e gordura nas rações pet ajuda a melhorar consideravelmente a palatabilidade do alimento.

Em cães, para que as funções exercidas pelos ácidos graxos não sejam prejudicadas, os animais precisam consumir diariamente de 10 a 15% de gordura na dieta.

Ácidos graxos essenciais

Óleos e gorduras também são fontes de ácidos graxos essenciais, aqueles que são necessários para funções específicas do organismo, porém, não são produzidos pelo corpo.

Dessa forma, a única maneira de se obter tais nutrientes é por meio da dieta.

Os ácidos graxos essenciais para os animais são:

• Ácido linoleico (Ômega 6): presente nos óleos de soja, girassol e milho e em gordura de frango, sua ausência na alimentação está relacionada a problemas na pele e no pelo do animal, assim como a diminuição da destreza dos cães.

•   Ácido a-linolênico (Ômega 3): convertidos em EPA e DHA, ácidos graxos essenciais para o desenvolvimento do cérebro e para a saúde ocular. É encontrado em óleos de linhaça, noz e semente de chia.

•   Ácido aracdônico: faz parte da composição de ácidos graxos das membranas celulares do tecido nervoso. Está presente em carne bovina, frango e ovos.

•   EPA: majoritariamente encontrado em peixes marinhos e de água fria, suas ausência está relacionada à depressão em mamíferos. Além disso, possui propriedades anti-inflamatórias.

•   DHA: também presente em peixes marinhos e de água fria. É essencial para o desenvolvimento cognitivo dos animais e para a saúde dos olhos.

Todos os ácidos graxos essenciais possuem uma característica em comum: são poli-insaturados, ou seja, apresentam diversas duplas ligações em suas moléculas.

Dessa forma;

As fontes destes ácidos graxos são extremamente susceptíveis à oxidação, causando rancidez e diminuindo a qualidade do produto.

Ao se trabalhar com este tipo de matéria-prima é necessário evitar a exposição a fatores pró-oxidantes, como luz, oxigênio e contato com metais.

É importante ressaltar que o consumo de óleos e gorduras oxidados afeta de forma negativa a saúde dos pets. Este tipo de deterioração leva à formação de radicais livres no alimento, que estão relacionados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e câncer.

Gorduras de origem animal nas formulações pet. Por que usá-las?

As gorduras de origem animal, além de apresentarem ótima palatabilidade, também são altamente digeríveis pelo organismo dos pets.

O formulador de rações e alimentos pet deve procurar em seus produtos um balanço entre gorduras provenientes de animais ruminantes, ricas em ácidos graxos saturados, e aquelas originárias de aves, que possuem alto teor de ácidos graxos poli-insaturados.

Esta proporção garantirá que a alimentação do animal seja rica nos mais variados tipos de ácidos graxos necessário para um bom desenvolvimento dos pets.

Quais gorduras podem ser utilizadas em formulações pet?

Dentre as fontes de gordura animal, a gordura de frango destaca-se por possuir um alto teor de Ômega 6, um dos ácidos graxos essenciais. A mesma também promove uma melhora significativa da palatabilidade, fazendo com que o alimento seja mais agradável para o animal.

A gordura de frango não chega a ser um problema para cães e gatos que possuem alergia a este tipo de ave. A mesma se dá pelo consumo de carne e de farinha de frango, não pela gordura, sendo segura para o consumo por parte destes animais.

Outra opção viável é a gordura de suíno: uma pesquisa apontou que este tipo de gordura está entre os 10 alimentos que mais contribuem para um balanço saudável dos requerimentos nutricionais do organismo.

Além de ser fonte de minerais e vitaminas do complexo B, a gordura de porco possui 60% de sua composição em ácidos graxos composta pelo ácido oleico.

Este ácido graxo monoinsaturado é relacionado a benefícios ligados ao coração, artérias e pele, além de ajudar na regulação de hormônios.

Outra fonte de ácido graxo oleico, a gordura de farinha de torresmo é resultante da cocção, prensagem e centrifugação do torresmo a fim de se separar a gordura da fração proteica.

No mercado, há opções disponíveis de gordura de frango, suína e de farinha de torresmo para serem utilizadas como um ingrediente em pet food.

Uma boa gordura é obtida pela prensagem da farinha após o processo de cocção. Livre de qualquer impureza, proveniente de matéria-prima fresca e 100% natural, o que garante uma gordura livre de oxidação.

Conclusão

Com um mercado em curva ascendente, o segmento de pet food abre um leque de possibilidades para os formuladores de P&D.

O uso de óleos e gorduras animais como ingrediente para o desenvolvimento de alimentos pet garante ótimas características sensoriais e fornecem ácidos graxos essenciais para que os animais tenham um desenvolvimento saudável.

Porém, deve-se estar atento ao tipo de gordura a se escolher. É importante conhecer a composição e a qualidade das mesmas para garantir as características desejáveis ao produto final. Dessa forma, é possível inovar sempre pensando na saúde e no bem-estar dos animais.

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